A roupa identifica os povos. Nos tempos antigos, o vestir e o folclore (a gastronomia, as canções, as danças) tinham mais a ver com a funci...
A
roupa identifica os povos. Nos tempos antigos, o vestir e o folclore (a
gastronomia, as canções, as danças) tinham mais a ver com a
funcionalidade, com o clima e até distinguiam classes sociais. Nas
indumentárias do Estado, encontramos muitos desses aspectos e da
própria história do sul do Brasil e de sua formação.
Chiripás em formato de saia ou "fraldão" aparecem nos registros de pesquisadores, como Antônio Augusto Fagundes e Vera Zattera, e retratam aspectos importantes, como a herança indígena e as revoluções. Botas que usavam os garrões dos potros e deixavam os dedos dos "gaúchos" de fora mostram um tempo de poucos recursos e as vestes como peças fundamentais para o trabalho no campo. Na Guerra do Paraguai, chegaria por fim a bombacha.
Com a precariedade de recursos, as mulheres ganharam saia, blusa e pés descalços. E, para as grandes estancieiras, vestidos com tecidos da Europa com ares de Espanha. Foi Celso Yarup, outro investigador, quem regulamentou o vestido de prenda, influenciado pelas cortes europeias, sem decotes ou tecidos espalhafatosos, retratando o recato muitas vezes imposto à gaúcha.
Usei muito vestido de prenda na infância e na adolescência. Minha mãe não podia passar em frente a uma loja de tecidos que entrava. Acho que esse é um legado bem importante.
Com os tempos, a moda passou a ser universal. Os trabalhos de grandes estilistas são vistos, e suas coleções inspiram marcas no mundo inteiro. O étnico está na moda. Em Nova York, palas e chapéus desfilam nas passarelas. Uma busca de identidade, raiz e origem toma conta das semanas de moda, mostrando tentativas de pertencimento.
Nessas horas me pergunto: por que não aqui? Por que não perdemos a vergonha de usarmos a "pilcha" em nosso dia a dia, se pode ser belo e funcional a nosso clima e paisagem?
Eu fico bem feliz de fazer parte, de alguma forma, dessa modernização e desmistificação da roupa das gurias do Sul!
por Shana Müller
Fonte: Coluna Pampianas junto ao ZHEntretenimento
Chiripás em formato de saia ou "fraldão" aparecem nos registros de pesquisadores, como Antônio Augusto Fagundes e Vera Zattera, e retratam aspectos importantes, como a herança indígena e as revoluções. Botas que usavam os garrões dos potros e deixavam os dedos dos "gaúchos" de fora mostram um tempo de poucos recursos e as vestes como peças fundamentais para o trabalho no campo. Na Guerra do Paraguai, chegaria por fim a bombacha.
Com a precariedade de recursos, as mulheres ganharam saia, blusa e pés descalços. E, para as grandes estancieiras, vestidos com tecidos da Europa com ares de Espanha. Foi Celso Yarup, outro investigador, quem regulamentou o vestido de prenda, influenciado pelas cortes europeias, sem decotes ou tecidos espalhafatosos, retratando o recato muitas vezes imposto à gaúcha.
Usei muito vestido de prenda na infância e na adolescência. Minha mãe não podia passar em frente a uma loja de tecidos que entrava. Acho que esse é um legado bem importante.
Com os tempos, a moda passou a ser universal. Os trabalhos de grandes estilistas são vistos, e suas coleções inspiram marcas no mundo inteiro. O étnico está na moda. Em Nova York, palas e chapéus desfilam nas passarelas. Uma busca de identidade, raiz e origem toma conta das semanas de moda, mostrando tentativas de pertencimento.
Nessas horas me pergunto: por que não aqui? Por que não perdemos a vergonha de usarmos a "pilcha" em nosso dia a dia, se pode ser belo e funcional a nosso clima e paisagem?
Eu fico bem feliz de fazer parte, de alguma forma, dessa modernização e desmistificação da roupa das gurias do Sul!
por Shana Müller
Fonte: Coluna Pampianas junto ao ZHEntretenimento
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